Prates estava em confronto com amplos setores do governo e sua demissão era esperada

Crise do pagamento de dividendos  levaram à demissão

Pedro do Coutto

O presidente Lula da Silva resolveu demitir Jean Paul Prates da Presidência da Petrobras, substituindo-o por Magda Chambriard, que foi diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) no governo Dilma Rousseff e atuou como funcionária de carreira da petroleira por mais de duas décadas. Engenheira de formação, Magda é também consultora na área de energia e petróleo.

A demissão de Prates era esperada e só não se realizou antes em função da inundação no Rio Grande do Sul, com a necessidade do governo dirigir sua atenção e esforços para a situação das milhares de famílias atingidas. Com a nomeação de Magda Chambriard, Lula também vai ao encontro da reivindicação dos setores que desejam colocar mulheres na direção de órgãos da administração pública. Uma vez oficializada no cargo, será a segunda presidente mulher da estatal – a primeira foi Graça Foster (2012-2015).

CONFRONTO – Jean Paul Prates estava incompatibilizado com amplos setores do governo que já o haviam questionado diante da crise do pagamento de dividendos da Petrobras. A demissão terá que ser confirmada pelo Conselho da Petrobras, mas isso não é problema difícil de ser resolvido. Afinal, ninguém pode exercer um cargo dessa importância quando a sua decisão se choca com a orientação governamental.

O reflexo na Bolsa de Valores não deverá ultrapassar a reação normal dos investidores com a decisão. No fundo do problema, a demissão de Prates era aguardada, conforme dito. As contradições vieram à tona e tornaram insustentáveis a posição do presidente da empresa. É possível que tenha alguma repercussão, mas que não será capaz de abalar a política colocada em prática. A Petrobras é um órgão difícil de se administrar, tendo registrado uma série de substituições em seu comando nos últimos anos.

FAKE NEWS – Enquanto isso, em função das fake news injetadas na rede da internet, o presidente do Supremo Tribunal federal, Luís Roberto Barroso, voltou a defender a regulamentação do setor, matéria complexa em função da forma com que podem ser colocados textos nas plataformas. O tema volta ao debate e tem regido pautas diversas. Mas ainda não se chegou a uma solução efetiva que, ao meu ver, encontraria fácil solução com a aplicação da Lei de Imprensa.

Afinal de contas, a liberdade de imprensa não significa impunidade ou imunidade sobre matérias postas no sistema de comunicação. Há que se defender a responsabilidade dos autores e afastar as desinformações que são inseridas por pessoas que têm prazer em criar confusão e levar à contradições nas mais diversas áreas. É incrível que a maldade se faça sentir em tragédias como a do RS. As fake news tem se proliferado, não só nesses casos, mas também em relação a ele. Barroso defende a regulamentação. Mas quais as medidas necessárias? Aí está a questão.

A matéria legal tem a sua origem no bom senso e as fake news contrariam esse princípio fundamental, invadindo as redes sociais, algo repugnante no comportamento dos autores das notícias falsas. Regulamentá-las no sentido de impedir a sua publicação não é tarefa fácil, mas a responsabilidade dos autores é algo que exige uma ação direta tanto do poder público quanto das pessoas ou organizações atingidas.

João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria, que não amava ninguém…

Paulo Peres
Poemas & Canções

Atualmente, a maioria dos políticos e das autoridades públicas brasileiras, ironicamente, faz lembrar muito o poema “Quadrilha”, do bacharel em farmácia, funcionário público, escritor, cronista, jornalista e poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), um dos grandes mestres da poesia brasileira. Este poema inspirou uma das mais belas canções de Chico Buarque de Hollanda.

QUADRILHA
Carlos Drummond de Andrade

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim
que amava Lili que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e
Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história

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FLOR DA IDADE
Chico Buarque

A gente faz hora, faz fila na vila do meio diaPra ver Maria
A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia
A porta dela não tem tramela
A janela é sem gelosia
Nem desconfia
Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amorNa hora certa, a casa aberta, o pijama aberto, a família
Armadilha
A mesa posta de peixe, deixa um cheirinho da sua filha
Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha
Que maravilha
Ai, o primeiro copo, o primeiro corpo, o primeiro amor

Vê passarela, como dança, balança, avança e recua
A gente sua
A roupa suja da cuja se lava no meio da rua
Despudorada, dada, à danada agrada andar seminua
E continua
Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor

Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo que amava Juca que amava Dora que amava
Carlos amava Dora que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha

Promiscuidade! Ministro da CGU se reunia com os clientes no seu gabinete em Brasília

Vinícius Marques de Carvalho: quem é novo ministro da CGU

No governo Itamar, Carvalho seria demitido imediatamente…

Lucas Marchesini

O ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Vinicius de Carvalho, recebeu em visitas institucionais à pasta seis clientes do escritório de advocacia no qual é sócio. A informação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo e confirmada pela Folha.

O VMCA, banca fundada pelo ministro em 2017, representa as empresas Gol, Mercado Livre, Meta, Rumo, Vale e Novonor (antiga Odebrecht) no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

CONFLITO DE INTERESSES? – Carvalho foi presidente do órgão de 2012 a 2016, e seu escritório é especializado em antitruste e não atua na CGU. O ministro se licenciou do VMCA ao assumir o posto, no início do governo Lula (PT).

“Não há qualquer conflito de interesse em visitas institucionais ou em outros compromissos do ministro. Todas as reuniões são devidamente lançadas no Sistema e-Agendas, de acesso público”, disse, em nota, a CGU.

As reuniões entre clientes do VMCA e Carvalho aconteceram entre outubro de 2023 e março deste ano. A agenda pública do ministro informa que a reunião com a Gol serviu para umA apresentação institucional, mesma razão apontada para os encontros com representantes da Vale e Rumo.

VISITA INSTITUCIONAL – “A Gol Linhas Aéreas fez uma visita institucional e não houve qualquer discussão sobre processo da companhia na CGU ou em qualquer órgão do Poder Executivo Federal”, afirmou a CGU.

“O acordo de leniência da Gol com a CGU foi celebrado em 15 de setembro de 2022 e pago integralmente em 22 de setembro de 2022. A Gol não possui outros processos perante a CGU”, acrescentou.

Carvalho se declara impedido em qualquer caso envolvendo clientes do escritório do qual está afastado.

PIADA DO ANO – Em relação à Vale, a nota diz que o ministro aproveitou a visita para “mencionar a existência de processo administrativo de responsabilização perante a CGU e para informar sobre seu impedimento”.

O processo da Vale na CGU, prossegue a nota, “foi decidido em 15 de agosto de 2022 e seu pedido de revisão foi negado pela CGU em 12 de setembro de 2023, após a declaração de impedimento do ministro, sendo mantida a condenação inicial da empresa em sua integralidade”.

Sobre a visita da Rumo, a CGU disse que não foram discutidos processos específicos da empresa e que ela não tem casos na pasta.

OUTRO CLIENTE – O Mercado Livre se reuniu duas vezes com Carvalho. Na primeira, houve uma apresentação institucional e, na segunda, o tema foi a possibilidade de uma cooperação técnica com o Ministério da Saúde.

“A empresa não possui processos perante a CGU e não foram discutidos quaisquer processos da empresa em outros órgãos públicos”, disse o órgão.

No segundo encontro, a empresa teria perguntado se havia alguma orientação específica dos órgãos de controle para a parceria com o Ministério da Saúde.

TRATAR DIRETAMENTE – “A orientação do ministro foi a de que o tema deveria ser tratado diretamente com o Ministério da Saúde e que o próprio ministério poderia acionar a CGU, caso considerasse necessário. O Ministério da Saúde nunca entrou em contato com a CGU para discutir o tema”, disse a pasta.

A reunião com a Meta tratou do PL das Fake News, em discussão no Congresso Nacional. Sobre a reunião, a CGU informou que “o Facebook (assim como outras empresas e associações atuantes na área, todas informadas na agenda pública) solicitou audiência com o ministro para compreender o papel da CGU na discussão”.

“Em todas essas reuniões, o ministro informou que alternativas de posicionamento do governo sobre o assunto estavam sendo estudadas”, acrescentou.

COM EMPREITEIRAS – O encontro com a Novonor aconteceu em conjunto com outras cinco empreiteiras, que rediscutem com a CGU seus acordos de leniência após decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), André Mendonça.

“O ministro Vinícius de Carvalho abriu a reunião e esclareceu que as negociações seriam conduzidas diretamente pela equipe técnica da CGU em conjunto com os membros da Advocacia-Geral da União que já atuam em casos de acordo de leniência. Logo em seguida, se retirou da reunião”, disse a nota.

A atuação da CGU na renegociação do acordo levou a Comissão de Ética Pública a abrir um procedimento preliminar para decidir se investigaria a possibilidade de conflito de interesse pela parte do ministro. A decisão foi de arquivar a denúncia, feita por três parlamentares do PL.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Se esses conflitos de interesses acontecessem no governo de Itamar Franco, ele não somente demitiria o ministro, como também se ofereceria para depor contra ele. Saudades do presidente Itamar Franco, a gente era feliz e não sabia. (C.N.)

Quem torce pela cassação de Sérgio Moro pode ter uma grande decepção com o TSE

3 lições do Juiz Sérgio Moro para Farmacêuticos

Parecer do Ministério Público deixou Moro mais confiante

Carlos Newton

A imprensa tem um tipo de notícia que pode ser classificado de fake news, embora às vezes nem seja. É quando o repórter ou analista monta uma narrativa sem fatos ou declarações. Ou seja, o relato transcorre em off, como se fala na matriz USA. Nos últimos dias surgiu uma matéria nesse estilo, em que foram vazadas várias informações para revelar a existência de um lobby destinado a evitar a cassação do senador Sérgio Moro (União-PR).

A articulação seria liderada pelo próprio presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que teria procurado pessoalmente “o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, e demais ministros do Tribunal Superior Eleitoral”, e “apontou para um desgaste que ocorreria caso houvesse a cassação”.

DÚVIDA CRUEL – É verdade ou fake news? Ninguém sabe, mas os jornalistas embarcam nessa conversa fiada de que Pacheco esteve com os sete ministros do TSE. Vocês vão me desculpar, mas não acredito nesse tipo de matéria pré-fabricada, que se desmonta sozinha, nem precisa de enchente ou tsunami.

Em política, as aparências realmente enganam, e o vazamento dessas informações está a significar exatamente o contrário. É o TSE que não tem como condenar Moro.

Primeiro, foi o voto minucioso e arrasador do desembargador Luciano Falavinha, relator dos processos contra Moro no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, cujo relatório elencou e destruiu todas as acusações contra o senador. Depois, foi divulgado que o parecer do Ministério Público no TSE é contra a cassação. Com isso, o consórcio entre Supremo e TSE ficou sem a menor condição de concretizar a grande vingança de Lula da Silva.

VEXAME MUNDIAL – Lula não entende que seria um escândalo internacional cassar, sem a menor justificativa, um personagem como Sérgio Moro, que é hoje um dos raros cidadãos do mundo, por ter liderado a maior operação contra a corrupção de toda a História.

Não tenham dúvidas, se houvesse uma mísera prova, mesmo remota, de abuso de poder econômico por Moro, ele seria implacavelmente cassado, porque esse povo da Justiça estava pouco ligando para o que pensam do Brasil no exterior.

Porém, surgiu Elon Musk na parada, dois importantes comitês da Câmara da matriz USA passaram a investigar a censura na filial Brazil, e a deputada republicana Maria Elvira Salazar exibiu a foto da Alexandre de Moraes para a posteridade, comentando: “Não sei se é socialista ou tolo”.

RECUO ESTRATÉGICO – Não mais que de repente, como diria Vinicius de Moraes, tudo mudou e o Supremo está tendo de fazer uma autocrítica mais do que necessária.

Somente o senador Rodrigo Pacheco pode confirmar se essas informações são verdadeiras ou fake news. Ele não disse uma só palavra, porque entende a delicadeza da situação.

O consórcio Supremo/TSE precisa de uma boa desculpa para manter o mandato de Moro, porque Lula está convicto de que se arqui-inimigo perderá o mandato. E até agora ninguém teve a delicadeza de lhe informar que a realidade não é bem assim e nem todos os desejos podem ser realizados.

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P.S. –
O julgamento de Moro começa hoje, com o ministro Floriano Azevedo Marques lendo seu voto-relatório. Em seguida, haverá as manifestações orais do vice-procurador eleitoral e do advogado de Moro, Gustavo Guedes, e depois cada ministro lerá seu voto, por ordem de antiguidade. Dificilmente o julgamento acabará hoje. Como aconteceu quando viu a reportagem do cavalo em cima do telhado, Lula também terá dificuldades para dormir esta noite. (C.N.)  

Hipocondríacos poderão detectar se os possíveis amantes têm algum doença

Reprodução do Arquivo GoogleJoão Pereira Coutinho
Folha

Viajo para o Rio de Janeiro neste mês. Alguns amigos portugueses, preocupados com meu bem-estar, perguntaram se eu já tinha tomado a vacina contra a dengue. Que desastre! Nunca tinha pensado no assunto. Mas bastou escutar a palavra “dengue” para que o sono daquela noite fugisse para parte incerta.

Contemplando o teto do quarto, suando na cama, escutando zumbidos de mosquito na minha imaginação, já tinha todos os sintomas da doença, exceto a doença.

NAS MÃOS DA CIÊNCIA – No dia seguinte, como um morto-vivo que saiu da sepultura para enfrentar a ofuscante luz do dia, marchei para a “consulta do viajante” e entreguei-me nas mãos da ciência. A ciência não queria o meu corpo. Uma médica, levemente divertida, tentou serenar-me. “Já não é verão no Brasil, as temperaturas estão mais baixas”, disse ela. “Basta um bom repelente”, acrescentou.

Agradeci, educadamente, e depois me lancei a seus pés, implorando. No fim da consulta, já tinha tomado a vacina contra a dengue (no braço direito), contra a febre amarela (no esquerdo), contra as hepatites A e B (novamente no direito). Não tinha era braços, mas essa é outra história.

Também trouxe um repelente. Minto. Dois: um para o corpo, outro para a roupa. Quando exigi um equipamento de apicultor, fui expulso do consultório.

PROCURANDO DOENÇA – São assim os hipocondríacos. Felizes na ignorância. Infelizes na sabedoria. Razão pela qual preferem a ignorância: aquele clichê do hipocondríaco procurando na internet informações sobre a sua saúde é coisa de amador, não de profissional.

Um profissional sabe que, usando o Google para saber algo mais sobre sua “dor de cabeça”, o mais provável é terminar a leitura em pânico, redigir o testamento e rumar para o bloco operatório mais próximo, em busca de um trépano.

Essa é a razão pela qual não tenciono instalar lá em casa o banheiro do futuro. Você conhece? Li no Wall Street Journal a respeito. Afastem de mim esse cálice. No espaço de uma década, será possível acordar, entrar no banheiro e sair de lá com uma lista generosa de todas as doenças que habitam nosso corpo.

EXAME COMPLETO – Por enquanto, só alguns hotéis, hospitais e até apartamentos de luxo na China oferecem algo comparável. O vaso sanitário, por exemplo, será de uma sofisticação que transformará a Nasa numa caverna rupestre. Segundo o jornal, será possível avaliar, só pelos dejetos, se o cidadão está hidratado, se tem pedra no rim, se tem doença grave nas entranhas.

A ducha, para além da limpeza habitual, servirá para identificar e tratar, por luz infravermelha, qualquer sinal de inflamação. Mesmo o espelho, na sua inocência aparente, será de uma vigilância dermatológica assombrosa, fazendo um rastreio enquanto você contempla seu rosto.

Depois, escovando os dentes, a saliva permitirá o diagnóstico completo, fornecendo todos os vírus e bactérias que merecem extermínio.

CONTA DO ESTRAGO – No fim da experiência, uma pessoa normal recebe a conta do estrago: “Infecção urinária e sarna. Tenha um bom dia”. Valerá a pena?

Não vale, irmãos. Um mundo de hipocondríacos será penoso de ver: o que se ganha em detecção precoce perde-se em paz de espírito. Palavra de profissional.

Até porque uma pessoa saudável, como dizem os cínicos, é alguém que ainda não foi devidamente estudada. O que hoje são imperfeições toleráveis, e ignoradas, passarão a ocupar um tempo e um espaço dramáticos.

Mas as consequências nefastas não serão apenas pessoais. Serão interpessoais. As relações amorosas, por exemplo, dificilmente sobrevivem a um patrulhamento tão íntimo. Basta pensar num primeiro encontro:

DIÁLOGO AMOROSO – Antes de sairmos para jantar, você pode usar o meu banheiro?

– Obrigado, mas não estou precisando.

– Por favor, eu insisto.

Se as expectativas amorosas já são tão elevadas na vida moderna, elas serão delirantes quando for possível fazer a história clínica de um potencial parceiro. E que dizer nesses momentos? “Gosto de você, mas não da sua próstata”?

Posso ser antiquado. Mas quero o meu banheiro como lugar de silêncio, leitura e reflexão. E, em jeito de hai-kai, pergunto: Como apreciar um poema ou um aforismo / quando as máquinas só querem saber / do meu reumatismo?

Lula diz que vai viver até 120 anos para disputar mais 10 eleições “até de bengala”

CCJ convida Paulo Pimenta para explicar inquérito de fake news sobre  enchentes no Rio Grande do Sul - Estadão

Lula diz que agora passou a beijar os homens normalmente

Caio Spechoto e Gabriel de Sousa
Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira, 15, que vai viver até os 120 anos e disputará mais dez eleições – até quando estiver andando com o auxílio de uma bengala. Lula fez as declarações em cerimônia de anúncios sobre a calamidade no Rio Grande do Sul, em São Leopoldo (RS).

“Eu vou viver até os 120 anos, eu vou demorar. Já falei para o homem lá em cima: não estou a fim de ir embora. Preciso disputar umas dez eleições, mais uns 20 anos. O Lula de bengala disputando eleição”, disse o presidente.

FAKE NEWS E ANIMAIS – No discurso, Lula voltou a criticar disseminadores de fake news em meio à tragédia. Segundo Lula, ao citá-los como “vândalos que não querem argumento”, “esse tipo de gente um dia será banido da política”.

O chefe do Executivo também comentou que não tinha conhecimento que havia tantas pessoas negras no Rio Grande do Sul.

Já em tom de brincadeira, ele falou a um prefeito do evento para “mandar uma carta” ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para liberar recurso para cesta básica aos animais.

BALANÇO SINISTRO – As enchentes no Estado já deixaram ao menos 149 mortos e 108 desaparecidos até a manhã desta quarta. Em todo o território gaúcho, há cerca de 538 mil desalojados e 76 mil pessoas em abrigos públicos. Segundo a Defesa Civil estadual, 446 dos 497 municípios gaúchos foram afetados pelos temporais.

No evento desta quarta, Lula também disse que não sabia que havia tantas pessoas negras vivendo no Rio Grande do Sul. O Estado tem mais de 1,6 milhão de pessoas pretas ou pardas.

O presidente também afirmou que está ficando “moderno” e passou a cumprimentar com beijos os participantes de agendas do governo federal. “Pode ser homem ou mulher”, disse.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Decididamente, Lula não está bem, pois não consegue dizer coisa com coisa. É uma asneira atrás da outra, e sempre com a reeleição pelo meio. É triste assistir ao presidente da República ir caminhando para a segunda infância com tamanha velocidade. Essa de dar beijinho em homem mostra que Lula realmente está ficando moderno, mas espera-se que as demais modernidades parem por aí, porque não fica bem… (C.N.)

Para rebater críticas, Pimenta diz que não é inimigo do governador Eduardo Leite

Paulo Pimenta aciona Lewandowski contra fake news sobre Rio Grande do Sul - SBT News

Lula se livrou de Pimenta, que não ficará mais no Planalto

Igor Gadelha e Gustavo Zucchi
Metrópoles

Oficializado nesta quarta-feira (15/5) como ministro da Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta (PT) rebateu críticas de aliados do governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), sobre sua nomeação para o cargo.

Desde que a indicação foi noticiada pela imprensa, na terça-feira (14/5), tucanos criticaram a escolha. Aécio Neves (PSDD-MG), por exemplo, classificou a decisão como uma “excrescência” e disse que ela politiza a tragédia.

PRÉ-CANDIDATO – A crítica dos aliados de Leite se deve sobretudo ao fato de Pimenta, que é gaúcho, ser apontado como pré-candidato ao governo gaúcho em 2026. O temor é de que o petista use o ministério para trampolim eleitoral.

“O povo gaúcho já escolheu, nas urnas, quem ele quer que governe o Estado”, provocou, nos bastidores, um aliado próximo de Leite.

Em conversa com a coluna, Pimenta disse não ser inimigo do atual governador gaúcho e revelou, inclusive, que votou em Leite no segundo turno das eleições de 2022, contra o ex-ministro bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL).

RESPEITO E PARCERIA – “Não sou inimigo do Leite. Nossa relação é ótima, de respeito e parceria institucional. Claro que temos diferenças, mas nada que impeça um ótimo trabalho conjunto. Eu votei pra governador e para presidente nos mesmos candidatos que ele e imagino que ele também votou nos mesmos que eu”, afirmou Pimenta à coluna.

A indicação de Pimenta para o ministério foi alvo de críticas até mesmo de correligionários do ministro no PT. O temor de alguns petistas é de que a nomeação prejudique a relação do governo federal com o governo gaúcho.

Para lideranças do PT, Lula também pode ter criado, com a indicação, pontos de atrito com aliados que também almejavam disputar o governo do Rio Grande do Sul em 2026 com o apoio do presidente da República.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como dizia Machado de Assis, a confusão é geral. O presidente Lula da Silva, que se julga genial, achou que tinha arranjado um jeito de se livrar de Paulo Pimenta, porque atribui a um pretenso fracasso dele na Secretaria de Comunicação a queda da aprovação do governo nas pesquisas políticas. Realmente, Paulo Pimenta não trabalha mais no Planalto, terá de se mudar para Porto Alegre. Porém, o problema que Lula criou no Rio Grande do Sul é muito mais grave. Como dizia o simpático e eficiente robô Delcio Lima, essa bagaça não vai dar certo. (C.N.)

Elon Musk vence disputa com Austrália e vídeo do esfaqueador é liberado no X

Polícia diz que ataque em igreja australiana foi ato terrorista

Bispo Emmanuel foi esfaqueado durante a missa em Sidney

Deu na agência Estado

Nesta segunda-feira (13), um juiz da Corte Federal Australiana decidiu não estender a ordem que proibia a plataforma X de Elon Musk de exibir um vídeo de um ataque a facadas em uma igreja em Sidney, capital da Austrália.

O juiz Geoffrey Kennett negou um pedido da comissária de eSafety do país, Julie Inman Grant, para estender as restrições ao vídeo, que ela havia considerado como material de “classe 1” relacionado à violência de alto impacto. O juiz ainda não forneceu explicações para sua decisão.

SEM VALIDADE – A proibição inicial do vídeo, imposta pela Corte Federal em Melbourne em 22 de abril, expirou na segunda-feira (13). A X se recusou a cumprir a ordem, que tornaria o vídeo inacessível aos usuários em todo o mundo. A plataforma concordou apenas em bloquear o conteúdo na Austrália.

Musk insistiu na época que nenhum país não deveria ter o poder de censurar a internet inteira. A comissária de eSafety argumentou que uma proibição total era necessária, já que os australianos ainda poderiam acessar o vídeo por meio de uma VPN.

A empresa de mídia social acredita que “a remoção global é razoável quando a X a faz porque a X quer fazer, mas se torna irrazoável quando é instruída a fazê-lo pelas leis da Austrália”, disse Walker ao juiz.

HIPROCRISIA DO X – A argumentação de Walker está certa, no sentido de apontar a hipocrisia do X, mas não é um argumento a favor da censura e sim da liberdade de expressão irrestrita.

No final de abril, o Bispo Emmanuel, que a principal vítima do esfaqueador australiano, apoiou Elon Musk durante um sermão, dizendo que queria que o vídeo do ataque contra ele permanecesse online, porque é “nosso direito dado por Deus à liberdade de expressão e liberdade religiosa”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Musk vai se dar bem e vencer todos esses tipos de embate, porque a censura é um dos mais odientos atributos das ditaduras, nenhum regime pode ser considerado democrático se exercer censura. Aqui no Brasil, onde o surrealismo reina, o próprio Supremo insiste em criar uma censura em defesa da democracia, vejam só que belíssima Piada do Ano. Na matriz USA, os deputados republicanos se prepararam para triturar Alexandre de Moraes. Vai ser divertido. Comprem pipocas. (C.N.)

Brasil já se tornou um dos piores países na adaptação às mudanças climáticas

Mudanças climáticas castigam a manezada | Charge | Notícias do dia

Charge do Ricardo Manhães (Jornal ND)

Diogo Schelp
Estadão

O Brasil é um dos piores países do mundo no quesito adaptação climática, ou seja, na resiliência a eventos extremos como secas, chuvas torrenciais e ondas de calor ou frio, e a na capacidade de agir para reduzir seus impactos humanos e econômicos. Na comparação com outras 184 nações, o Brasil está em 86º lugar no potencial de resistir e se adaptar aos efeitos das mudanças climáticas, segundo o índice ND-GAIN, elaborado pela Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos.

O ranking existe desde 1995 e já estivemos melhor posicionados — começamos a ficar abaixo do 85º lugar só a partir de 2010. Noruega, Finlândia e Suíça ocupam as primeiras posições.

DOIS INDICADORES – A nota que define a posição no ranking é composta pela combinação de dois indicadores. O primeiro é a vulnerabilidade do país a desastres naturais relacionados ao clima. Aqui são levados em conta fatores como infraestrutura, sistemas de saúde, moradia e acesso à água e alimentos — ou seja, às condições de sobrevivência — que podem ser impactados por eventos climáticos.

O segundo indicador é a prontidão, ou seja, a capacidade de investir de maneira efetiva e rápida em ações para se adaptar às consequências das mudanças climáticas.

Para usar o exemplo da atual tragédia causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, a vulnerabilidade estaria relacionada aos riscos representados pela combinação de chuvas intensas, da geografia do Estado, da localização das ocupações humanas, das características da produção agrícola e da infraestrutura de transportes e de distribuição de água, entre outros.

MOBILIZAÇÃO – Já a prontidão seria a capacidade de mobilizar recursos públicos e privados após as enchentes de setembro do ano passado para evitar ou reduzir o impacto de outras calamidades do mesmo tipo. Para isso ocorrer de maneira efetiva, entram em cena condições econômicas e fatores como estabilidade política, controle de corrupção, qualidade das leis, desigualdade social e capacidade de inovação.

Surpreendentemente, de acordo com o ranking da Universidade de Notre Dame, o Brasil não está entre os países mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Nesse quesito, o Brasil está em 58º lugar, quatro posições acima do Japão, por exemplo.

Nossos pontos positivos são a baixa dependência externa por alimentos, energia e recursos de saúde e o abundante acesso à água.

VULNERABILIDADE – Pelo lado negativo, aumentam nossa vulnerabilidade pela alta concentração urbana, com extensa malha de estradas de terra e o risco crescente de inundações e de mudanças nas condições para a produção de grãos, como o arroz.

O que de fato piora muito a adaptação climática brasileira — e aqui não há surpresa alguma — é a baixíssima capacidade de investir rápido e bem em ações contra os efeitos dos desastres naturais.

Pelo indicador de prontidão para adaptação às mudanças no clima, o Brasil está em 125º lugar no ranking, ao lado de países como Somália e Senegal. Isso está relacionado, segundo os critérios do ranking, a um alto índice de desigualdade social, ao baixo grau de inovação, a um ambiente de negócios hostil e à má qualidade da governança pública.

GASTANDO MAL – Não é novidade que, no Brasil, o poder público gasta muito e gasta mal. O Estado é ineficiente em todos os níveis: no governo federal, nos Estados e nos municípios.

Órgãos internacionais como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o Banco Mundial e a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) fizeram estudos sobre a baixa qualidade dos gastos públicos no Brasil.

As estimativas do impacto dessa ineficiência variam entre 3,9% e 7% do PIB nacional. Um dos motivos para a gastança de má qualidade é a falta de critérios técnicos para a alocação de recursos.

ERRO DE DIREÇÃO – Em vez de ir para onde é mais necessário, muitas vezes o dinheiro é direcionado para onde trará mais dividendos políticos, sem falar no que é desviado no caminho.

A crescente influência do Congresso sobre o orçamento da União está agravando esse problema. Estima-se que 30% das verbas para obras e investimentos de sete ministérios do governo Lula estão nas mãos dos parlamentares.

Enquanto houver um arranjo político que favorece o desperdício de dinheiro público e enquanto a governança do Executivo não for aprimorada em todos os níveis da federação, de nada adiantará o Brasil discutir planos nacionais de mitigação e adaptação climática. Haverá um diagnóstico e um pacote de soluções, mas não haverá condições para agir. Estaremos fadados a uma incapacidade estrutural de lidar com as próximas catástrofes naturais.

Estudantes americanos correm risco de repetir Jane Fonda na guerra do Vietnã

A foto de Jane Fonda que causou polêmica

Na guerra, Jane Fonda na bateria antiaérea norte-vietnamita

Demétrio Magnoli
O Globo

A foto, de autoria anônima, correu mundo em julho de 1972. Jane Fonda, sentada numa bateria antiaérea norte-vietnamita, tornou-se “Hanói Jane”. Mais tarde, a protagonista de “Barbarella” (1968) pediria desculpas pela imagem “que me machucará até eu morrer”. Na Rússia de Putin, empregar a palavra “guerra” para fazer referência à invasão imperial da Ucrânia pode dar cadeia. Nas democracias, não é proibido criticar o próprio governo, e até a própria nação, mesmo fazendo propaganda de um inimigo.

A história da foto começou no início de 1968 com a Ofensiva do Tet, no Vietnã, que galvanizou o movimento antiguerra nos Estados Unidos, seguida pelo assassinato de Martin Luther King, em abril, fonte direta da rebelião negra no Harlem e indireta da ocupação estudantil do Hamilton Hall, na Universidade Columbia.

MORRE BOB KENNEDY – Foi durante o ápice da agitação universitária, mas sem conexão com ela, que o palestino Sirhan Sirhan assassinou Robert F. Kennedy, estreitando a disputa pela indicação democrata ao vice Hubert Humphrey e ao candidato antiguerra Eugene McCarthy.

Na volta seguinte do parafuso, os líderes da organização Estudantes por uma Sociedade Democrática (SDS) aliaram-se ao movimento Black Power, imaginaram que a guerra de libertação vietnamita e a luta antirracista nos Estados Unidos eram lados de uma única moeda e trocaram a ideia de “resistência” pela de “revolução”.

A Convenção Democrata em Chicago, em agosto, realizou-se sob o ruído de uma batalha campal de dias entre manifestantes e policiais. O SDS uniu forças com o Youth International Party (YIP), que incutiu a política na contracultura dos hippies. Abbie Hoffman, líder do YIP, ameaçou contaminar com LSD as águas da cidade e enviar as hippies mais gatas para dentro da Convenção, a fim de seduzir os delegados.

NIXON SE ELEGE – O prefeito acreditou no deboche e reagiu intensificando a repressão. No fim, McCarthy perdeu e, em novembro, exibindo-se como candidato da lei e da ordem, o republicano Richard Nixon bateu Humphrey.

A volta derradeira do parafuso resultou na cisão no SDS, da qual nasceu, em 1969, o Weather Underground, nome derivado de uma célebre canção de Bob Dylan. O grupo almejava derrubar o governo dos Estados Unidos por meio de uma “guerra revolucionária”. Três de seus militantes morreram pela explosão acidental da bomba que fabricavam, em 1970.

Depois, os weathermen praticaram atentados com bombas rudimentares contra o Capitólio (1971) e o Pentágono (1972), sem fazer vítimas.

DEBRAY E GUEVARA – Mark Rudd, líder do grupo, explicou numa entrevista de 2004 seus motores ideológicos: os livros de Régis Debray sobre imperialismo e foco guerrilheiro e a figura de Che Guevara. Ele jamais revisou suas crenças básicas, mas reconheceu o efeito das ações do Weather Underground: “As pessoas abandonaram o movimento antiguerra porque não queriam envolvimento com uma revolução armada”.

Também revelou-se perplexo sobre o desvio de “movimentos de libertação nacional” rumo ao “fascismo clerical”, como classificou as organizações fundamentalistas islâmicas.

As manifestações antiguerra nas universidades americanas de hoje não são simples reedição do movimento deflagrado em 1968. Falta-lhes a contracultura, um Abbie Hoffman, os hippies e uma Barbarella convertida em “Hanói Jane”.

POLÍTICAS IDENTITÁRIAS -O Black Power foi substituído por políticas identitárias oficialistas, articuladas nas reitorias e nos gabinetes parlamentares. Mas a inspiração ideológica é semelhante: a noção de que as democracias ocidentais são muito piores que os movimentos “decoloniais”.

E, como reflexo de um nítido declínio intelectual, os líderes estudantis atuais parecem não se preocupar em estabelecer cooperação tácita com o “fascismo clerical” do Hamas.

Nos Dias de Fúria de outubro de 1968, o lema de um SDS já radicalizado, escrito por John Jacobs, fundador dos weathermen, era “trazer a guerra para casa”. O manifesto deles dizia: “As eleições nada significam — vote onde o poder está — nosso poder está nas ruas”. Nixon, porém, mostrou-lhes “onde o poder está” e prosseguiu a guerra indochinesa até 1973. A história se repete? Donald Trump certamente aposta nisso.

No Dia das Mães,Lula devia ter agradecido ao STF, que tem sido uma mãe para ele

Para os Três Poderes, a Constituição é apenas um detalhe

Dora Kramer
Folha

Quando começou a circular, a ideia de que o Executivo pretendia firmar uma aliança com a instância máxima do Judiciário a fim de criar um atalho de ultrapassagem às dificuldades do Planalto no Legislativo pareceu muito esquisita. Mais que isso. Institucionalmente inexequível, social e politicamente inaceitável. Por uma questão básica: o preceito republicano da harmonia pressupõe a independência entre os Poderes. Cláusula pétrea.

O Supremo Tribunal Federal poderia se manter distante de acertos feitos sob a égide das conveniências políticas sem criar crise alguma e muito menos deixando de se manter fiel à função de guardião da Lei Maior.

VAREJO DA POLÍTICA – Não foi essa, no entanto, a escolha do STF. A maioria preferiu descer ao patamar do varejo da política para dar a mão e ser uma verdadeira mãe na resolução de problemas que o Planalto não conseguiu resolver pela via da negociação parlamentar. Os ministros prestaram-se ao serviço do socorro em várias ocasiões.

As duas mais recentes são particularmente espantosas, para não dizer desonrosas para a credibilidade da corte. A liminar e outros quatro votos a favor da cobrança de tributos das folhas de pagamentos de prefeituras e mais 17 setores privados levaram o Congresso a aceitar um acordo de meio-termo até então rejeitado em votações de clareza inequívoca.

Na ação de constitucionalidade da Lei das Estatais, os juízes abriram uma janela de admissão das indicações dadas por eles mesmo como inconstitucionais em cargos de conselhos e direção nas empresas feitas pelo atual governo, ao arrepio da Constituição.

GAMBIARRAS – Em ambos os casos o STF prestou-se a gambiarras muito semelhantes àquela que preservou os direitos políticos de Dilma Rousseff na decisão do impeachment.

Assim, o toma lá dá cá entre Legislativo e Executivo está incorporado como normal.

Já a entrada do Supremo no jogo em cena aberta sinaliza um novo anormal.

Por que é patológico e até ridículo querer exterminar as fake news?

Charge: Combate às Fake News. - Blog do AFTM

Charge do Cazo (Blog do AFTM)

Mario Sabino
Metrópoles

Ao lado dos interesses político-ideológicos e corporativos em colocar na difusão de fake news a culpa pelos males do país e em transformar o que é opinião contrária em inverdade a ser punida, há uma crescente obsessão psicológica pela criação de uma sociedade limpa de mentiras.

É uma patologia desprovida de qualquer princípio de realidade. O ser humano mente, inventa e aumenta como respira, anda e dorme. A verdade é tão antinatural, que precisamos ser educados para não mentir. Ou, pelo menos, para não mentir tanto.

SEM MORDAÇA – Não estou aqui fazendo apologia da mentirinha ou da mentira cabeluda, daquelas que prejudicam o semelhante. Viu-se muita mentira cabeluda durante a pandemia, mentira que causou mortes, para ficar no exemplo mais extremo.

Estou apenas dizendo que o combate às fake news não pode pretender uma assepsia hospitalar da sociedade — e muito menos usar o conceito para amordaçar adversários. Porque é, antes de mais nada, uma cruzada inútil.

Na política, a mentira integra a job description do profissional da área, seja para golpear oponentes, como para fazer promessas impossíveis. Se todo ser humano mente, no político a mentira é atributo essencial. Inclusive, ou principalmente, porque ele tem de vender a ilusão de que tem solução para tudo — ilusão que alcança o seu ápice nas campanhas eleitorais. Como exigir, então, que torcidas políticas não lancem mão de fake news?

MENTIRA NO MARKETING – Outro campo onde impera a mentira: no da publicidade de produtos. Ou você acredita mesmo que tudo o que nos é vendido tem as qualidades anunciadas nos comerciais?

A história é o império das versões dos vencedores — e, com o politicamente correto, está passando a ser o reino das versões dos perdedores. Existe uma discussão antiga sobre se o grego Heródoto é o pai da história ou o pai da mentira, por exemplo.

Há muita lorota no seu clássico, como o de que havia na Índia formigas maiores do que raposas, mas menores do que cachorros, que devoravam seres humanos. Ele ouvia historietas que lhe pareciam interessantes, passava adiante e não lhe ocorria verificar a sua veracidade. Se houvesse STF em Atenas, Heródoto estaria perdido. O dado curioso é que alguns episódios contados por ele que eram considerados mentiras revelaram-se verdades graças a descobertas arqueológicas.

HERÓDOTO E TUCIDIDES – Certo nível de verificação só começou uma geração depois, com Tucidídes, que descreveu meticulosamente a Guerra do Peloponeso, entre Atenas e Esparta. Mas, como disse o inglês Tom Griffith, especialista em ambos, você pode se imaginar amigo de Heródoto, um sujeito fantasioso e divertido, mas não amigo de Tucídides, analítico e frio.

As pessoas têm mais atração pela mentira, inofensiva ou não, do que pela verdade, e é por isso que as fake news se espalham com rapidez. Isso é desde sempre, as redes sociais só aumentaram exponencialmente a velocidade de divulgação. Não é que elas sejam intrinsecamente mentirosas. Nós é que somos.

Na filosofia, o arauto da verdade absoluta foi o alemão Immanuel Kant. Para ele, não bastava dizer a verdade e ser honesto. A verdade e a honestidade tinham de ser desprovidas de qualquer interesse para serem absolutamente morais. Kant chegou ao ponto de afirmar que mentir para salvar um amigo de ser assassinado era crime.

CONSTANT REAGIU – O francês Benjamin Constant se insurgiu contra essa concepção dogmática e entrou em polêmica com Immanuel Kant. Defendeu o direito de mentir para fazer o bem, dizendo que os princípios absolutos tinham de ser moldados pelas circunstâncias. Estou lendo o bate-boca entre os dois.

Fim da digressão. Fiquemos assim – nas expedições punitivas às fake news, não nos deixemos levar pela obsessão patológica.

É inútil buscar a assepsia total, e quem é obcecado com o extermínio das fake news acaba se achando dono de todas a verdades — o que é uma grande lorota.

Com Magda Chambriard na Petrobras, prevê-se uma gestão mais nacionalista

Magda Chambriard

Magda Chambriard é funcionária de carreira da empresa

Deu na Folha

A saída de Jean Paul Prates do comando da Petrobras nesta terça-feira (14) fará com que a estatal tenha seu sexto presidente em pouco mais de três anos. Desde abril de 2021, a petroleira foi presidida por Roberto Castello Branco, Joaquim Silva e Luna, José Mauro Coelho, Caio Paes de Andrade e Jean Paul Prates.

A substituta de Prates, Magda Chambriard, é engenheira e ex-funcionária da estatal. Comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) durante o governo Dilma Rousseff. É vista pelo mercado como um quadro de perfil mais nacionalista do que Prates, que tentou equilibrar sua gestão atendendo a promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas sem assustar investidores privados.

JEAN PAUL PRATES (JAN.23 A MAI.24)

Demitido nesta terça-feira (14), Prates sofreu forte processo de fritura nos últimos meses, após críticas de Silveira à sua abstenção em votação de proposta do governo para reter dividendos extraordinários referentes ao resultado de 2024, medida que havia sido negociada com Lula.

Defendida por Silveira e Costa, a retenção foi aprovada no início de março e derrubou o valor de mercado da estatal. O governo acabou recuando semanas depois e aprovou a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários em assembleia no fim de abril.

Embora tenha conseguido “abrasileirar” o preço dos combustíveis, como prometeu Lula, o executivo vinha sendo questionado também pela demora em anunciar investimentos prometidos pelo presidente em expansão da capacidade de refino e estaleiros, por exemplo.

CAIO PAES DE ANDRADE (JUN.22 A JAN.23)

Nome que enfrentou maior resistência interna na estatal, Caio Paes de Andrade ocupava uma secretaria no Ministério da Economia quando foi indicado por Bolsonaro para “dar nova dinâmica” aos preços dos combustíveis no país.

Sua nomeação foi questionada pelos órgãos internos de controle, diante da falta de experiência no setor de petróleo ou em empresas do mesmo porte, requisitos exigidos pela Lei das Estatais, mas Bolsonaro também elegeu um conselho de administração mais alinhado, que aprovou seu nome.

Sua gestão foi a que mais atuou em favor do governo. Ajudada pela queda nas cotações internacionais do petróleo, a Petrobras passou a anunciar uma série de reduções nos preços dos combustíveis em meio ao processo eleitoral.

JOSÉ MAURO COELHO (ABR.22 A JUN.22)

Ex-secretário do MME (Ministério de Minas e Energia) sob Bolsonaro, José Mauro Coelho não foi a primeira aposta para substituir Silva e Luna, mas acabou ficando com o cargo após a desistência do consultor Adriano Pires, questionado por prestar serviços a clientes e concorrentes da estatal.

Mais uma vez, um presidente indicado por Bolsonaro assumiu o posto defendendo a política de paridade dos preços dos combustíveis em relação às cotações internacionais, embora o presidente da República tenha passado boa parte de seu mandato criticando a alta de preços.

“Temos que ter os preços no mercado doméstico relacionados aos preços de paridade de importação. Se assim não fosse, não teríamos nenhum agente econômico com aptidão, ou com vontade de trazer derivados para o país. E teríamos risco de desabastecimento”, afirmou, ainda em 2021.

JOAQUIM SILVA E LUNA (ABR.21 A ABR.22)

O segundo presidente da Petrobras sob Bolsonaro foi também o segundo mais longevo. O general Joaquim Silva e Luna presidia Itaipu Binacional quando foi convidado para substituir Castello Branco, em um momento de ampliação da presença militar no setor de energia.

Sua indicação animou apoiadores do presidente, que esperavam uma guinada na gestão da empresa. Logo em sua posse, porém, Silva e Luna afagou um mercado financeiro que temia mudanças na estratégia de preços dos combustíveis, ao dizer conciliar interesses de consumidores e acionistas.

Silva e Luna manteve o ritmo do programa de venda de ativos e, embora tenha reduzido a frequência de reajustes de preços dos combustíveis, foi responsável pelos mega-aumentos de março de 2021, em resposta à disparada das cotações internacionais após o início da Guerra na Ucrânia.

ROBERTO CASTELLO BRANCO (JAN.19 A ABR.21)

Mais longevo presidente da Petrobras sob Bolsonaro, Castello Branco foi indicado ainda no período de transição pelo então futuro ministro da Economia Paulo Guedes, com quem compunha um grupo batizado ironicamente de “Chicago Oldies”, por terem estudado na Universidade de Chicago.

Defensor da privatização da estatal, Castello Branco aprofundou estratégia iniciada no governo Michel Temer, que previa foco no pré-sal, venda de ativos em áreas consideradas não estratégicas e melhor remuneração ao acionista.

Alterou sua política de dividendos, permitindo o pagamento mesmo em caso de prejuízo, em processo que justificou os reajustes recordes pagos em 2022. Ele entrou na mira do ex-chefe na saída do período mais turbulento da pandemia, no fim de 2020, quando a recuperação das cotações fez os preços dos combustíveis dispararem no país.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Se é mais nacionalista do que Jean Paul Prates, a engenheira Magda Chambriard deve ser saudada com efusão. Chega de entreguistas na mais estratégica empresa nacional. Vamos trabalhar pelo Brasil, só para variar um pouco, inclusive extraindo petróleo da margem equatorial da Amazônia, possibilidade que provoca chiliques e faniquitos no Ibama. (C.N.)

Espalhar desinformação atinge a democracia e a vida de milhares de vítimas do RS

Aproveitadores ignoram o rastro de destruição das chuvas

Pedro do Coutto

Em meio à tragédia que assolou milhares de famílias no Rio Grande do Sul, é triste constatar a grande incidência de fake news disseminadas nas redes sociais da internet, demonstrando que muitas pessoas têm prazer em mentir e adulterar conceitos, conturbando um cenário já devastado. Afinal, são inúmeras as pessoas que foram atingidas diretamente no episódio, inclusive com o registro de mais de cem vítimas fatais.

As redes sociais infelizmente têm sido usadas como um instrumento de propagação de desinformação sobre a tragédia provocada pelas chuvas no estado, desde teorias da conspiração sobre o motivo do desastre, até boatos estapafúrdios, de cunho fundamentalista religioso.

ALVOS – Alguns dos principais alvos da campanha de desinformação promovida são as instituições públicas. São notícias falsas que, desde os primeiros momentos da tragédia, buscam desacreditar governos e órgãos públicos.

São fake news sobre caminhões sendo impedidos de entrar no estado com donativos às vítimas, sobre a demora do governo federal em agir no RS e sobre alguns empresários estarem atuando mais que governos em prol dos gaúchos.

É um ponto extremamente preocupante a questão da contestação da eficácia e da atuação das instituições, pois essas têm sido muito atuantes e estão sendo descredibilizadas nesse processo. Não há apenas um risco para a democracia, mas também para a própria segurança e saúde das vítimas.

O coração do poeta era como um rio, a chorar de queda em queda…

Olhando O Rio | Poema de Belmiro Ferreira Braga com narração de Mundo Dos  Poemas - YouTubePaulo Peres
Poemas & Canções 

O poeta Belmiro Ferreira Braga (1872-1937), nascido em Vargem Grande (MG), no soneto “Olhando o Rio”,  compara o transcurso do rio com o sofrimento de seu coração tristonho.

OLHANDO O RIO
Belmiro Braga

Nas noites claras de luar, costumo
ir das águas ouvir o vão lamento;
e, após o ouvi-las, cauteloso e atento
que o rio também sofre, eis que presumo.

Nesse que leva tortuoso rumo,
que fado triste e por demais cruento:
Vai deslizando agora doce e lento
e agora desce encachoeirado e a prumo.

O dorso aqui lhe encrespa leve brisa,
ali o deslizar calhau lhe veda;
além, de novo, sem fragor, desliza…

És como o rio, coração tristonho:
Se ele vive a chorar de queda em queda,
vives tu a gemer de sonho em sonho.

Pesquisa é ruim para Lula e péssima para Bolsonaro. E o centro, já morreu?

Charge do Babu (A Estância do Guarujá)

Eliane Cantanhêde
Estadão

Pesquisas de opinião são retratos do momento e cada um olha como bem entende, mas a última rodada da Genial/Quaest é clara: não chega a ser péssima, mas boa também não é para o presidente Lula. O copo está meio cheio e meio vazio, mas parece mais vazio do que cheio para Lula, inclusive porque ele tem o governo, a caneta, os recursos e a visibilidade inerentes ao cargo.

São trunfos poderosos, mas também faca de dois gumes, depende de como a população vê o governo, de como o presidente e seus ministros usam a caneta e os recursos e se a visibilidade reverte a favor ou contra. Não adianta só aparecer, é preciso aparecer bem. Aliás, como Lula agora, mas não sempre.

MOSTRANDO SERVIÇO – A reação do governo tem sido rápida e efetiva diante da tragédia do Rio Grande do Sul, que atrai as atenções e a solidariedade do Brasil inteiro e até do exterior. São viagens, reuniões, seguidos anúncios para a população, as empresas, os produtores rurais e o Estado, com liberação de verbas vultosas e suspensão das dívidas estaduais com a União e dos juros do estoque dessa dívida.

A pior notícia para Lula na Quaest — que entrou em campo em 2 de maio, segundo dia das enchentes gaúchas, quando Lula já tinha ido Estado — é que 55% dos ouvidos são contra a chance de um quarto mandato para ele em 2026 e só 42%, a favor.

Esses 55% vão além do núcleo duro da oposição, que não vota em Lula de jeito nenhum. Logo, aponta um certo cansaço com ele, ou com “os mesmos de sempre”, em grupos de indecisos.

AINDA LÍDER – A boa notícia para Lula é que 47% votariam nele na reeleição em 2026, num percentual melhor do que o de todos os nomes incluídos na pesquisa. Mas, se 47% votariam, 49%, não. Será tão boa assim?

É como um hipotético embate entre Lula e o governador Tarcísio Gomes de Freitas (SP), um dos candidatos a candidato de Jair Bolsonaro. Parece boa notícia para Lula, mas será?

Se a eleição fosse hoje, Lula teria 46% contra 40%, com duas desvantagens: Tarcísio tem 30% de rejeição, razoavelmente baixa, e 39% de desconhecimento, bastante alto. Logo, ele tem muito horizonte, muito a crescer, desde que use o tempo a favor da sua aprovação, driblando um risco muito comum para os políticos, especialmente os que ocupam cargo executivo: quanto mais conhecido, mais rejeitado.

OUTROS DADOS – Se Lula está longe de soltar fogos com a pesquisa, o outro lado menos ainda: se 39% votariam em Bolsonaro (declarado inelegível pelo TSE), sua rejeição vai a 54%, assim como a de Michele Bolsonaro é de 50%, igual à de Fernando Haddad, ex-candidato em 2018 e uma das cartas na manga para o caso de Lula não disputar o quarto mandato.

Moral da história: a dois anos e meio da eleição, uma eternidade na política, a polarização está cristalizada, os nomes são óbvios, estão embolados e não há alternativas.

O Brasil sempre foi um país do centro, mas cadê o centro? Morreu sem choro nem vela?

E agora surge o “Moraes Paz & Amor”, o novo ministro que vai pacificar o país

É preciso amar Alexandre de Moraes

Xandão, depois Xandinho e agora o ministro Paz & Amor

Carlos Newton

Como já assinalamos aqui na Tribuna da Internet, o ministro Alexandre de Moraes está sofrendo uma mudança capaz de surpreender até mesmo o escritor escocês Robert Louis Stevenson, autor do clássico “O Médico e o Monstro”. Sua transformação é lenta e segura, e já se consegue perceber que aquele juiz implacável, que agia como um monstro, está sendo substituído por um jurista de verdade, justo e compreensivo.

Infelizmente, porém, Moraes não está mudando por moto próprio ou tratamento de reabilitação. Na verdade, está sendo forçado a fazê-lo, para limpar sua barra no Brasil e no exterior, depois que suas sentenças exageradas e até desumanas condenaram brasileiros comuns por terrorismo, quando deveriam ter sido julgados por invasão de prédio público e depredação de patrimônio. Além de tudo isso, decidiu reinstituir a censura no país, apesar de vivermos uma época que deveria ser de democracia plena.

NA LINHA TERNURA – Muitos não acreditavam que pudesse acontecer uma mudança tão acentuada. Porém, não mais que de repente, Moraes libertou o tenente-coronel Mauro Cid e absolveu Bolsonaro no caso da visita prolongada e atípica à Embaixada da Hungria.

Deu seguimento a essa linha ternura, digamos assim, ao libertar os dois coronéis da PM que ainda estavam presos. Agora os cinco oficiais estão fora da cadeia – Klepter Rosa Gonçalves, Fábio Augusto Vieira, Paulo José Bezerra, Marcelo Casimiro e Eduardo Naime.

AMACIAMENTO – Além de amaciar em suas decisões, o polêmico ministro orientou sua equipe nos tribunais superiores a evitar radicalismo, uma determinação logo acolhida pelo ministro Floriano de Azevedo Marques, do Tribunal Superior Eleitoral, e pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Com isso, o senador Jorge Seif (PL-SC), ameaçado de perder o mandato, teve seu processo suspenso pelo relator Azevedo Marques, que pediu à Procuradoria a produção de mais provas.

O mesmo ministro apresentou há poucos um voto a favor da absolvição do senador Sérgio Moro, que vai surfar na onda da ternura e escapar de uma cassação indevida, mas que era quase certa, no esquema mais radical antes liderado por Alexandre de Moraes.

EFEITO MUSK – Pode-se afirmar, com toda certeza, que o milagre da transformação do monstro Hyde no médico Jekill, que ocorre nos tribunais brasileiros, começou com o ataque sofrido por Moraes em pleno julgamento de um “terrorista” no Supremo, quando o advogado Sebastião Coelho o considerou “o homem mais odiado deste país”.

Mais recentemente, as acusações do empresário americano Elon Musk e as investigações em dois comitês da Câmara dos Estados Unidos (Jurídico e de Recursos Humanos), com a exibição de uma foto de Moraes pela deputada republicana Maria Salazar, fizeram com o ministro enfim caísse na real.

O que ele tem feito, com apoio de um órgão de assessoria que criou no TSE, formado por policiais federais, é recriar a censura no Brasil. E não tem como se defender, porque se trata de censura mesmo, sem a menor dúvida. E assim o monstro está saindo discretamente de cena, em nome do restabelecimento da Justiça e do Direito.

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P.S.
É óbvio que os demais membros do Supremo perceberam que Moraes ultrapassou todos os limites e recomendaram que ele se curve à realidade dos fatos. E assim prevaleceu o espírito de corpo (corporativismo) que é bem mais aceitável do que o espírito de porco, a expressão idiomática utilizada para definir uma pessoa cruel, que se especializa em complicar situações ou causar constrangimentos. (C.N.)

Ao invés de “culpar” fake news, é melhor debater projetos já existentes em Porto Alegre

Afinal, onde fica a Lagoa dos Patos e por que tem esse nome? - NSC Total

Já existem estudos para construir três canais de escoamento

Luís Ernesto Lacombe
Gazeta do Povo

Não, não estamos num concurso para saber quem ajuda mais e quem atrapalha mais no socorro ao Rio Grande do Sul. Que bom que a verdadeira sociedade civil está empenhada, entregando-se à solidariedade. Se há dificuldades impostas pela tragédia em si, parece claro que há também obstáculos que poderiam ser evitados.

É um absurdo que tentem impedir que haja relatos contra a burocracia estatal, que haja denúncias de uso político da tragédia, críticas ao trabalho de resgate, acolhimento e proteção dos atingidos. É preciso que entendam que o povo gaúcho tem pressa, que a resposta de todos, de todos, tem de ser rápida.

COBRAR SOLUÇÕES -Apontar possíveis erros, falhas, equívocos, omissões, falta de comprometimento, de organização e planejamento, de qualquer um, em qualquer situação, é uma forma de conduzir a soluções.

Esse movimento é essencial para que o sofrimento dos atingidos pelas enchentes seja reduzido, nesse cenário terrível de calamidade completa.

O que se deve fazer, portanto, é não considerar que as críticas são levianas e têm como objetivo atacar um grupo político, atacar o Estado. Toda denúncia deveria ser investigada, e não descartada como fake news ou, pior, criminalizada. Se a acusação não procede, que se prove o contrário, com informações claras, fundamentadas.

NOTÍCIAS REAIS – Não era mentira que caminhões com mantimentos para o Rio Grande do Sul estavam sendo multados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres. Foi a partir da reportagem do SBT que a ANTT baixou portaria para acabar com esse absurdo.

Não é mentira que a ministra do Planejamento disse que “o dinheiro vai chegar no tempo certo, que não é agora”. Não é mentira que Simone Tebet afirmou que “os prefeitos não sabem o que pedir porque a água não baixou”.

Também não é mentira que a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, queria priorizar o socorro a ciganos e quilombolas. Está no artigo 5.º da Constituição, que já tinha sido rasgada e agora deve estar debaixo d’água: “Todos são iguais perante a lei”.

PRECISAM DE AJUDA – A turma que veste colete, mesmo que num gabinete refrigerado, que faz pose para fotos, que grava vídeos dispensáveis, que troca a imagem de perfil nas redes sociais precisa abandonar a autopromoção, seus interesses políticos, e entender que todos os atingidos precisam de ajuda. E, sem a liberação rápida de verbas, tudo se torna muito difícil.

Os pagadores de impostos, certamente, não querem bancar o Congresso mais caro do mundo, o segundo Judiciário mais caro do mundo…

Só o TSE consome quase R$ 12 bilhões por ano, mesmo quando não há eleições… O fundo eleitoral carrega quase R$ 5 bilhões. O Fundo Partidário arrasta R$ 1,2 bilhão. O Estado gasta muito, e gasta mal.

EXISTEM SOLUÇÕES – E os “ambientalistas” que anunciam o fim do mundo para daqui a dez anos, renováveis por mais dez indefinidamente, não deveriam se opor aos estudos que apontam soluções para as enchentes na região de Porto Alegre.

Hoje, a única ligação da Lagoa dos Patos com o oceano é um estreito canal na sua extremidade sul. Há um projeto para a construção de três canais em outros pontos da lagoa, com comportas que seriam abertas quando houvesse temporais e a água subisse rapidamente.

É preciso que haja prevenção, é preciso que se fale sobre isso. Certamente, a interdição do debate, seja qual for o tema, vai sempre nos condenar, sem distinção, ao flagelo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Importante o artigo enviado por Mário Assis Causanilhas. Mostra que já existem estudos para escoadouros. Além disso, é preciso haver desassoreamento permanente do complexo hídrico, uma medida barata e eficaz. (C.N.)

Filme sobre Paulo Guedes é exibido em Nova York em sessão só para brasileiros…

ESTREIA HOJE EM NOVA IORQUE FILME SOBRE AS REFORMAS DE PAULO GUEDES - YouTubePaulo Silva Pinto
Poder360

O filme “The path do prosperity: the great legacy of Paulo Guedes” (“O caminho da prosperidade: o grande legado de Paulo Guedes”) foi lançado nesta terça-feira (dia 14), às 19 horas, em uma sessão para convidados num teatro de Nova York.

Na segunda-feira ( dia 13), às 18 horas, já tinha sido apresentado um trailer de 9 segundos do filme, em um telão na Times Square, praça na região central de Nova York.

Há vários eventos promovidos por empresas brasileiras na cidade até quarta-feira (dia 15). Guedes foi ministro da Economia no governo de Jair Bolsonaro (PL) de 2019 a 2022. O filme de 1h17min foi dirigido por Paulo Moura e produzido pela Ema Conteúdo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É claro que não se trata de mera coincidência. A Ema Conteúdo aproveitou a excursão de vira-latas brasileiros para lançar o filme, que não tem finalidade de ganhar dinheiro, mas apenas de divulgar o economista Paulo Guedes, aquele que enriqueceu ilicitamente e foi intensamente procurado pela Polícia Federal para explicar suas aplicações financeiras, mas nunca foi encontrado para receber a intimação, virou ministro da Economia e deixou de ser incomodado pelos oficiais de justiça, porque no Brasil o título de ministro é tremendo salvo-conduto para a impunidade. É o primeiro filme da Ema, e poderá ser assistido gratuitamente pelo Youtube. Se você não tem mais o que fazer e quer dormir sem tomar sonífero, eis uma oportunidade de ouro. Compre pipocas e não perca o “Caminho da Prosperidade”, título do filme em português, que deverá concorrer ao Oscar de Efeitos Especiais. (C.N.)   

Por que Bolsonaro não se anima com as pesquisas de Michelle bem colocada?

Michelle Bolsonaro critica juíza que associou uso da bandeira do Brasil a  propaganda eleitoral: 'Ativismo político ou insanidade mental?'

Michelle pegou gosto pela política e está se saindo bem

Malu Gaspar
O Globo

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, está rindo à toa com as pesquisas eleitorais que mostram Michelle Bolsonaro muito bem colocada nas intenções de voto contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma hipotética disputa em 2026.

No levantamento da Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira, por exemplo, mostra que Michelle teria 33% dos votos e iria para um segundo turno com Lula, que teria 47%. É mais até do que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que aparece com 28% da preferência.

OUTRAS PESQUISAS – O dado é tão promissor quanto o das pesquisas internas do PL, em que Michelle aparece até empatada com o presidente da República, conforme informou a colunista Bela Megale.

A ex-primeira-dama também sai na frente quando a Quaest pergunta quem seria melhor para enfrentar Lula em 2026, caso Bolsonaro não possa concorrer. Para 28% dos entrevistados, ela é a melhor opção, contra os 24% conseguidos pelo governador de São Paulo. Considerando apenas os eleitores de Bolsonaro, a performance de Michelle é ainda melhor – 41% contra 33% de Tarcísio.

Ainda assim, nem Valdemar nem Bolsonaro querem saber de discutir uma candidatura presidencial de Michelle neste momento. O motivo: ambos ainda alimentam a esperança de que Bolsonaro, inelegível até 2030, recupere seus direitos políticos até lá. Nesse caso, obviamente, seria ele mesmo o candidato do PL e da direita contra Lula.

DIZ UM ALIADO – “As chances de ele conseguir são mínimas e quase ninguém no partido acredita que seja possível, mas Valdemar e Bolsonaro acreditam, então por ora não se fala em candidatura de Michelle ou de Tarcísio para valer”, diz um interlocutor muito próximo do ex-presidente da República.

Como o Globo noticiou, Valdemar tem procurado os candidatos a presidência da Câmara e do Senado para condicionar o apoio do PL à disposição de encampar um projeto de lei que dê anistia a Bolsonaro e permita que ele se candidate em 2026.

As conversas ainda estão em um estágio inicial, mas o presidente do PL tem se demonstrado empolgado nos bastidores. Outra esperança que Valdemar e Bolsonaro também alimentam é a de conseguir tirar os processos contra o ex-presidente da jurisdição do Supremo Tribunal Federal (STF) e portanto das mãos de Alexandre de Moraes.

PEDIDOS PARADOS – No momento há dois pedidos parados no gabinete do presidente do STF, Luís Roberto Barroso. No entorno de Bolsonaro, essa é considerada uma possibilidade ainda mais remota do que a anistia. Mesmo assim, a esta altura, ninguém descarta nenhuma hipótese.

“A gente também já acreditou que Lula nunca mais voltaria a se candidatar e ele conseguiu, então ninguém no PL vai dizer a Bolsonaro para não continuar tentando”, diz um aliado de primeira hora do ex-presidente.

Enquanto houver alguma chance de Bolsonaro recuperar os direitos políticos, o PL vai continuar patrocinando suas andanças pelo Brasil e estimulando os seguidores do ex-presidente a acreditar que ele ainda pode voltar em 2026. Até quando essa estratégia continua, só o próprio Bolsonaro sabe.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Uma Isabelita Perón no Brasil? Era só o que faltava. Como dizem Chico Buarque e Milton Nascimento, afasta de mim esse cálice! Foi Isabelita que iniciou a decadência da Argentina, lembrem-se disso. (C.N.)